Celebre o Halloween: é tudo nosso! A Igreja como poder transformador da cultura.

By | 31 de outubro de 2024

Resumo: Este texto NÃO é uma ‘defesa do Halloween’, pois isso não teria sentido. É uma defesa do poder do mandato divino de pregar a Boa Nova a todos através da força da Igreja Católica como poder transformador da cultura. Católicos que vivem na defensiva sobre ‘o que a Igreja pegou do paganismo’ estão aceitando argumentos que criam aparentes derrotas das nossas grandes vitórias. É a hora de redescobrir a Igreja como instrumento essencial de transformação cultural. Isso começa com a separação do joio do trigo na cultura, bem como a transformação e ‘limpeza’ da mesma através da conversão desta. Não existe ‘cultura católica pura’, totalmente criada de dentro. Cultura, assim como os homens que a formam, precisa ser convertida, batizada, feita pura pela presença de Cristo em tudo. Foi assim que fizemos antes. É assim que faremos de novo. O Halloween será o exemplo por ser fonte constante do tipo de discussão infrutífera que nubla nossa real missão.

Halloween como exemplo da conversão cultural cristã:

A menos que você pretenda celebrar um culto pagão; rezar de verdade a falsos deuses etc; todo católico deveria celebrar o Halloween. Sem exageros ou para causar escândalo com fantasias horrendas demais, é claro.

O chamado “dia das bruxas”, mais apropriadamente “All Hallow’s Eve”, é a véspera, a Vigília de Todos os Santos. É um dia Católico, festa de Todas as Almas. As fantasias e símbolos são pagãos? Sim! Ou melhor: eram! Assim como praticamente tudo o que nós temos na Igreja.

O pior entendimento que se espalhou entre alguns grupos católicos (especialmente vindo das profundezas da internet) é o de que “isso era pagão, então, não pode ser católico”.

Também é importante notar que a associação imediata da simbologia de fantasmas com algo ‘demoníaco’ é pura influência do pensamento protestante na cultura. A simbologia católica clássica, cantada em verso em prosa ao longo da história, distingue ‘fantasmas’ como apelos de almas no purgatório (ver peças e livros católicos ao longo da história) e espíritos malignos. Católicos que compram o pacote ‘Halloween é demoníaco’ tão vendido pela internet, e aproveitam para promover um falso pietismo católico (que parece uma dessas estranhas versões adúlteras de puritanismo protestante com moralismo de ‘influencer católico’ de internet) contra isso, ou estão apenas enxergando através de olhos não-católicos por ingenuidade ou pressão do bombardeio midiático dos ‘influencers católicos’ famosos, ou são picaretas vendendo ‘catolicismo de resultado’ (seitas e vendilhões fazem muito isso pela internet).

De qualquer maneira, se o ângulo da ignorância ou má-fé dos ‘influencers’ não pode ser anulada por força dos argumentos ou da história (perda de tempo, pois quando se quer enganar, nada mais importa), foquemos no ângulo do ‘paganismo’ e a idéia de que ‘se era paganismo, não serve’. Veremos que isso é muito errado e contrário à catolicidade natural da Boa Nova de Cristo.

Obviamente, é preciso separar o joio do trigo. Vale notar que nem tudo o que dizem ter sido pagão realmente foi, bem como a origem de certas festas e costumes. Mas algumas realmente foram pagãs e essas que interessam agora.

Parte fundamental da história da Igreja é exatamente o fato de que nós pegamos tudo para Cristo. Vejamos alguns exemplos:

Por falar em festa, a árvore de Natal era um símbolo pagão? Sim! Nós ‘cristianizamos’!

Quando o Antigo Testamento foi traduzido para o Grego, alguns grupos fundamentalistas achavam que apenas o que havia sido escrito em ‘Lashon Hakodesh’ (a ‘língua sagrada’, ou seja, o Hebraico) deveria ser aceito e lido. Os cristãos usavam a tradução Grega mais do que a Hebraica em suas citações no NT. Terminamos usando na Bíblia as partes em Hebraico, Grego e, de quebra, em Aramaico (partes de Daniel etc).

O NT foi inteiramente escrito em Grego. A ‘epístola’ era um formato pagão por excelência e ‘novidade’? Sim! A Igreja também pegou para si.

A Igreja conquistou Roma e criou a Cristandade, adaptou seus costumes e cristianizou tudo. E o Latim? A língua dos nossos perseguidores pagãos; dos poetas que nos odiavam; dos imperadores que ordenaram nosso fim? Quando colocamos a Sé Petrina em Roma; o primeiro-ministro do verdadeiro Rei dos Reis no lugar do falso deus e pretenso rei, tomamos o Latim dos pagãos e, de lambuja, fizemos dele a língua da Igreja no Ocidente. O Grego dos antigos conquistadores? A língua da Igreja no Oriente. O Aramaico falado na época de Cristo? Os irmãos de Edessa transformaram em ‘Aramaico Cristão’ (Siríaco). Cristianizamos!

Músicas pagãs? Cristianizamos!

Festas? Roupas? Comidas típicas de celebrações pagãs (tantas em nosso dia a dia que é difícil contar)? Bebidas? Cristianizamos!

Celebrações com fantasias em festas litúrgicas? Vestes religiosas? Cristianizamos!

Cores, danças, costumes, festas culturais locais da África à Ásia, passando pela Europa? Cristianizamos!

Filosofia Grega? Injuriado com o uso da filosofia grega por alguns Pais da Igreja antes dele (como São Justino Mártir), Tertuliano reclamou: “o que Atenas tem a ver com Jerusalém?”. O que São Justino Mártir queria dizer é, basicamente, o que eu estou tentando aqui: não se preocupe! É tudo nosso!

Nós somos como pragas: um de nós entra e a conversão do hospedeiro é inevitável. Desista! Vamos cristianizar vocês e seus costumes também! Um dia, suas festas serão nossa lembrança de mais uma vitória como quem encena uma antiga batalha famosa. Afinal, alguém precisa encenar o lado perdedor, os vilões que foram conquistados. Seu paganismo é uma lembrança das vitórias de Cristo através das nossas missões tão sacrificadas.

No futuro, o Mandarim será a maior língua católica do mundo. Um lado pode cair quando esquece a sua história e sua fé, mas o outro será conquistado para o Senhor. Ninguém escapa! O que isso significa? Que o ocidente não verá isso acontecer, pois terá caído de podre, mas a África e a Ásia serão do Senhor (oficialmente, quero dizer, pois tudo já é e sempre será do Senhor).

Seus livros sagrados? Vamos convertê-los aos beijos! Tentam conquistar nos matando? O sangue dos mártires é a semente da Igreja. Cristo venceu o mundo (Jo 16,33)! Se eu fosse muçulmano, teria muito mais medo do beijo de São João Paulo II no Corão do que da ira de supostos católicos que destilam ódio a quem devem obediência e respeito absoluto enquanto afetam horror pela internet para fidelizar suas seitas!

Adendo: E fidelizar eles precisam, pois como vão ganhar dinheiro se você não acreditar que ‘tradição’ é só o que eles ensinam (sic)? Como toda seita iniciática (mesmo as disfarçadas de católicas), eles precisam que você creia que é parte dos ‘escolhidos’, uma ‘elite cultural tradicional’ que, comprando seus produtos e aprendendo só entre eles, vai ‘salvar o mundo’ do paganismo ao redor.

Voltemos ao que mais foi cristianizado:

A CRUZ! A cruz era a vitória pagã, símbolo da vergonha dos derrotados. O livro do Deuteronômio diz que é amaldiçoado aquele que foi pendurado no madeiro (Dt 21,23). São Paulo (ainda Saulo de Tarso) enxergava no símbolo pagão, através da leitura farisaica do Deuteronômio, a certeza de que Jesus era um falso messias. Até que ele teve os olhos abertos e percebeu a mensagem da Cruz como conquista: Cristo transformou a Cruz no símbolo máximo da Sua vitória (Gl 3,8-14)! Se até isso foi cristianizado, acredite!, nós ‘cristianizaremos’ tudo!

Crianças brincando vestidas de bruxas? Crianças já brincavam vestidas de ‘bárbaros’ (idólatras), de ‘monstros’, ‘falsos deuses’ etc; seja em peças ou festas por toda Cristandade e isso era parte da nossa perene afirmação:

  • nós te cristianizamos! Hoje, vocês são exemplo a não ser esquecido. É assim que seus antigos erros e paganismos são contidos, pois eles agora são como ‘contos morais’ vivos, lembranças de erros que foram convertidos; e a vitória de Cristo é lembrada e feita nossa.

No fundo, parte essencial da experiência cristã é que não encenamos, mas revivemos, participamos. Participamos das vitórias dos gigantes que deram suas vidas para cristianizar o mundo e subordinar tudo novamente a Cristo (Ef 1,10). Participamos como família divina que somos na Igreja de Cristo; participamos para que antigos erros não voltem ao ser expostos e a verdade ensinada através dos costumes feito novos em Cristo e a cultura pagã agora batizada.

Não se esqueça: é tudo de Cristo! Nós somos ‘filhos do dono’, como se diz popularmente (e o ‘popular’ é parte fundamental da conquista). Então, como eu disse no título, também é tudo nosso! E nós vamos continuar convertendo a todos e adaptando seus costumes; brincando para nos lembrar; vivendo a alegria cristã como sempre fizemos: cristianizando tudo. Somos bons nisso!

Não deixe que pagãos peguem de volta o que é nosso. Abandonar essas brincadeiras é incentivar o outro lado a transformar novamente em culto o que já cristianizamos, como vem acontecendo porque estamos jogando pro lado errado, ouvindo as idéias erradas dos inimigos internos que vendem seitas pasteurizadas como se houvesse uma única tradição e uma só cultura.

Muitas tradições, muitas culturas, muitos aspectos e visões, mas todas submetidas a uma só Sagrada Tradição. Essa, sim, única e verdadeira. Ela é a cola da realidade da universalidade da realeza suprema de Cristo. A de verdade, não a que tentam te vender. A que é única, mas celebrada por várias culturas agora feitas parte de uma só Igreja em Cristo Jesus.

Celebremos Halloween para preparar nossos filhos para a verdade de Cristo: para ensinar o que aqueles símbolos já significaram e como foram derrotados pelo Senhor e feitos nossos pela força de uma fé sem medo ou afetação boba.

Fantasie sua filha de bruxa, seu filho de múmia etc. Quem sabe, aproveite para dizer a eles: “hoje vocês podem brincar encenando o lado que perdeu. Amanhã, vamos à festa da vitória definitiva, a Santa Missa, para viver (não encenar) a vitória de Cristo!”

Não tenha medo: é tudo nosso! Somos Católicos e vamos cristianizar você também!

Em Cristo, entregue à proteção da Virgem Maria,

um Papista

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