Quem são e o que têm em comum Norman Borlaug, Paul Ehrlich, John Allen, a imprensa e o Islã?
Paul Ehrlich é um biólogo, especialista em estudos populacionais. Confesso de cara que um biólogo que foca em “crescimento populacional” me dá calafrios. A menos, é claro, que ele esteja falando de borboletas, como parece que um dia foi a especialidade de Ehrlich. Porém, quando seu foco é a população humana, é difícil não sentir certo medo. Ehrlich não tem nada com meu medo, certo? Pois bem, no final da década de 60, ele publicou seu livro mais famoso, “The Population Bomb”. O livro é um tratado maltusiano escrito para provocar pânico sobre o crescimento populacional. Isso não é uma descrição crítica. O livro foi lançado exatamente com esse propósito! O sensacionalismo em volta do livro era promovido com frases citadas tanto nas capas de suas edições, como na publicidade gigante que recebeu. Frases como “enquanto você lê isso, quatro crianças morrem de fome”; “controle de população ou fim da civilização”; são algumas das mais famosas. Ele ficou mais famoso por cravar, logo na abertura do livro, que: “a batalha para alimentar o mundo está encerrada. Centenas de milhares de pessoas morrerão de fome na década de 70, não importa o que se faça, e nada pode impedir o que vem por aí”. Após fazer previsões catastróficas, Ehrlich defendia que a contracepção e o aborto deveriam, em primeiro lugar, ser facilitados ao máximo. Depois, que os países deveriam dar programas de incentivo para os mesmos. Falhando em diminuir os nascimentos, a contracepção deveria se tornar obrigatória. Esterelizações forçadas e até contraceptivos (entenda-se que na década de 60, contraceptivo era o mesmo que abortivo, sem exceções) misturados à água da população que não o fizesse por livre escolha.
Um dos exemplos de Ehrlich – a “jóia” do seu estudo – era a Índia, que passava por uma fome das mais graves. A alimentação da Índia, bem como de grande parte do mundo, dependia diretamente do trigo. As plantações de trigo eram, na época, muito frágeis. O trigo se dobrava e morria com qualquer vento ou mudança climática. Ehrlich dizia que a solução era óbvia: esterilização e “diminuição” populacional forçada.
Norman Borlaug, falecido em 2009, também era biólogo. Sua especialidade, depois da Segunda Guerra Mundial, passou a ser em plantas e grãos. Especificamente crescimento e patologia. Quando o problema da fome mundial ganhou mais atenção na década de 60, e gente como Ehrlich divulgava como única solução a matança de bebês e a esterelização forçada de populações inteiras (principalmente as mais pobres, é claro), Borlaug foi para as trincheiras. Sua guerra? A criação, pelo cruzamento genético, de grãos e plantas melhores e mais fortes. Após anos de pesquisa, e exatamente quando Ehrlich ganhava fama com seu tratado maltusiano, Borlaug criou o ‘trigo anão’. Com sua planta menor, o novo trigo não mais tombava e era capaz de sobreviver até ser colhido. De uma só vez, Borlaug salvou a população toda da Índia e mais incontáveis vidas pela África e qualquer país que consuma trigo em quantidade, o que deve compreender praticamente todos os países do mundo. Ele foi chamado de “o homem que salvou um bilhão de pessoas”. Sem matar. Sem esterelizar. Foi o pai da “revolução verde”. A de verdade! Ganhou o Nobel da Paz por suas contribuições inegáveis à paz através da multiplicação da oferta de alimentos ao mundo. Recebeu outros prêmios e honrarias em países que ajudou a salvar, como a Índia, e muitos outros pelo mundo.
John L. Allen Jr. é um jornalista. Católico, ele se tornou o correspondente de um jornal americano no Vaticano. É considerado o homem mais bem informado sobre o que acontece dentro do Vaticano. Tem acesso a inúmeros cardeais e outras pessoas com influência, além do respeito até da grande mídia. Após um começo conturbado e irresponsável, Allen se desculpa com a imprensa e público, renega seu primeiro livro (um ataque gratuito ao Papa Bento XVI), e se torna um defensor da ética jornalística e da responsabilidade com o trato dos assuntos da Igreja. Em 2013, Allen escreveu o livro “The Global War on Christians”. Ele não foi o primeiro, mas foi o primeiro a usar sua fama e respeito entre os jornalistas para escrever sobre o inexplorado tema das centenas de milhares de cristãos mortos todo ano. Foi o suficiente para pipocarem dezenas de artigos, programas de TV, entrevistas etc. Só que o foco dessas matérias sobre a obra de Allen consistia apenas em duas coisas: a primeira, refutar os números em sua frieza. Quer dizer, mostrar que se Allen dizia que 10.000 eram mortos em tal país do norte da África, na verdade, ‘apenas’ 70% era realmente morta por sua religião. E por aí vai. Ou mostrar que outras religiões, ainda que em menor escala, também eram perseguidas. No mais, a idéia parecia ser jogar o foco para uma “guerra religiosa” que, aparentemente, a imprensa pensa que fica apenas nisso, sem problema para o mundo secular. O verdadeiro motivo da denúncia de Allen? A morte dos cristãos? Irrelevante para a imprensa. Os mortos continuam sem voz.
Quando muçulmanos matam, a imprensa corre para dizer que eles não representam sua religião. Quando um cristão morre nas mãos de um muçulmano, o cristão também não representa mais sua religião, para a imprensa. Nenhum dos dois, então. Mesmo assim, num malabarismo lógico sem igual, o problema se torna a ‘guerra religiosa’. De qualquer forma, quando protestaram contra as mortes em Paris pelas mãos de assassinos islâmicos, algo como 95 igrejas cristãs foram destruídas em dois dias em países muçulmanos. Milhares de cristãos foram mortos. Outros milhares morrem por sua fé todos os dias. E ainda outros estão em perigo. John Allen afirma que esse número seria algo como metade dos cristãos do mundo, se não me engano. Quer dizer, algo como um bilhão de pessoas vivem em contante perigo. 100.000 por ano podem estar sendo mortas por sua fé. De acordo com a imprensa, só existe perigo em uma tal minoria islâmica. Pelos números, eu diria que minha noção de minoria é mais próxima da noção da maioria que não compra essa história: a de que essa história de ‘minoria radical’ é uma mentira.
Você já tinha ouvido falar em Norman Borlaug? Eu o conheci quase por sorte, em uma citação. Fiquei espantado exatamente por nunca ter ouvido falar dele e procurei estudar um pouco sobre seu trabalho. Não aprendi sobre ele na escola! Nunca li, ouvi, ou vi nada na imprensa. Sequer vi alguém defendendo uma nova “revolução verde” como a que ele criou, para voltar a presentear o mundo com novas fontes de alimento. Borlaug morreu perseguido! Grupos de ativistas ‘verdes’ condenavam… bem, o mesmo de sempre: o cruzamento genético; interferência ao promover uma cultura agrícola mais ampla onde havia apenas uma primitiva cultura de subsistência (sem falar em morte por fome, é claro); e como isso supostamente beneficia empresas malvadas e seu horrendo lucro (na cabeça dessa gente, isso é o verdadeiro pecado). E por aí vai. Gente que nunca fez nada para ninguém ou viu uma pessoa morrendo de fome.
A imprensa faz absoluta questão de defender o ativismo verde e a banalização de um discurso utópico de gente que pratica o que Dickens chamou de “filantropia telescópica”. Além de popularizar o discurso de Paul Ehrlich. Eu cresci ouvindo sobre os perigos do crescimento populacional. Diversas políticas foram implantadas pelo mundo sob essa suposta ameaça. A Europa, e seu grande abraço nas idéias Ehrlich-maltusianas, promoveram famílias com apenas um filho, ou mesmo nenhum. O barulho sobre o tal perigo da superpopulação sempre esteve ao nosso redor, difundido sem nenhum outro foco a não ser o sensacionalismo maltusiano discutido aqui.
Você ouve falar em cristãos mortos pelo mundo? Eu, que sou Católico e leio dezenas de websites internacionais católicos e não-católicos, tenho dificuldade em achar qualquer informação sobre isso. Aparentemente, esses cristãos são como as árvores na velha filosofia de bar sobre as árvores que caem e ninguém vê. “Será que elas caem mesmo?” Pois bem, elas caem! Caem sob o terror do assassinato em massa! E sob a promoção de uma tal tolerância com o intolerante. Enquanto isso, os muçulmanos aprenderam sua lição. Eles não vão tentar tomar a Europa à força, como já tentaram. Eles o farão de duas maneiras. A primeira é eliminando o cristianismo do debate público, enquanto contam com a cumplicidade da imprensa para que a eliminação do islamismo do mesmo debate público seja considerado “intolerância”. Sem uma base moral sólida, a mesma base que serve de escudo contra Ehrlich e tantos outros, uma Europa envelhecida e de joelhos não terá chance contra a verdadeira arma islâmica: mães! Enquanto as mães na Europa e resto do ocidente se preocupam em abortar, ter sexo sem compromisso, e viver para ‘curtir a vida sem o fardo da maternidade’, os muçulmanos produzirão ainda mais mães, que produzirão, claro, mais filhos. No final, não precisarão de mais nenhuma bala ou bomba na Europa, apenas no Oriente Médio. Em uma guerra em que o ocidente parece não querer se defender, os ataques serão apenas uma distração muito bem usada para, curiosamente, conseguir mais e mais espaço para os muçulmanos que supostamente não tem nada a ver com a tal ‘minoria terrorista’. Se você acreditar nessa balela, é claro. Nessa etapa, as bombas realmente não existirão. Mas também não existirá mais resitência contra o Islã. A resistência terá morrido seca, estéril, sem ética, moral ou religião para contrapor o que virá.
As pessoas na Índia ainda devem se lembrar do homem que os salvou da fome. Isso ainda importa muito. Poucos se lembram dos cristãos mortos todos os dias. Isso ainda vai importar muito. Todos deveriam se lembrar de Norman Borlaug. Todos deveriam se lembrar dos cristãos e da base moral que derrotou e derrota os males aqui descritos. Em todas as suas formas. Seja o nazi-maltusianismo disfarçado de ciência; seja o ativismo debilóide, destrutivo, e que mata de fome se disfarçando de proteção da natureza; seja o terror da intolerância protegida por uma pseudo-tolerância ignorante.
Infelizmente, só existe o silêncio. Perceba! É um silêncio ensurdecedor!
Em Cristo, entregue à proteção da Virgem Maria,
um Papista!