Em nosso calendário litúrgico, dia 21 de novembro é a Festa da Apresentação da Virgem Maria. Uma festa totalmente baseada na Sagrada Tradição, já que os eventos narrados não fazem parte das Escrituras. É algo único da Igreja Católica, que respeita o que foi ordenado e levado adiante pela sucessão apostólica: “Guardai as tradições que vos ensinamos oralmente ou por escrito” (2Ts 2,15).
A festa cresceu em devotos no século V, e entrou oficialmente para o calendário apenas no século XV. Foi suprimida por São Pio V no século XVI, e não faz parte do calendário tridentino. Foi trazida de volta no século seguinte e até hoje embeleza e abençoa o nosso calendário.
A Tradição nos conta que Maria foi apresentada ao Templo e lá permaneceu até que fosse retirada para se juntar a São José, que se tornaria o seu esposo e pai adotivo do Senhor. Há muito o que se entender sobre a apresentação de Maria.
Paralelos são traçados com a vida do profeta Samuel, pois sua mãe, assim como a mãe de Nossa Senhora, não podia ter filhos e mesmo assim os teve pela graça de Deus. Samuel foi entregue para viver sob o voto religioso, o que encontra paralelo ao longo período da vida de Nossa Senhora no Templo. Muito embora ela não poderia ser uma religiosa no Templo, existe aí o eco de uma vida inteiramente dedicada ao Senhor.
O que realmente explica essa festa é o que durante muito tempo se esqueceu sob o apelo da Crítica Histórica: a Teologia da Aliança.
Antes dos exércitos ou dos reis, entra no Templo, nos palácios, ou no campo de batalha, a Arca da Aliança. Assim como a Conquista de Canaã, começando ante a impenetrável muralha de Jericó, só foi possível com a Arca da Aliança (Js 6); também antes do Rei Davi entrar sob o esplendor que lhe era devido, entrou a Arca da Aliança (2Sm 6). Da mesma forma, antes do Senhor da Nova Aliança chegar, a Arca da Nova Aliança foi ao Templo.
Maria é a Arca da Nova Aliança. Como a antiga Arca, escondida para sempre pelo profeta Jeremias (2Mc 2), Maria carregou o que havia de mais sagrado no mundo. A antiga Arca continha o Maná do Céu, as Tábuas da Lei, e o Cajado de Aarão, simbolizando o pão que alimentou o povo em seu Êxodo, a Lei de Deus, e a autoridade divina. A Arca da Nova Aliança carrega Jesus Cristo, que é o Pão da Vida (Jo 6); o cumprimento da Lei (Mt 5,17) que se eleva agora como a Lei do Amor (Mt 5-7); e Cristo, o Rei dos Reis, a quem toda autoridade foi dada (Mt 28,18).
A Apresentação de Maria é parte do cumprimento profético que o povo de Deus tanto esperava. Como era devido, a Arca foi apresentada antes do Rei e permaneceu no lugar mais sagrado até que o novo rei, o Rei dos Reis, estivesse pronto para vir e levar a Lei e a fé a todos os cantos do mundo (Mc 16,15).
Só se entende a relação explicitada na liturgia de hoje sob o olhar atento da Teologia da Aliança. Na leitura de hoje, o profeta Zacarias anuncia que a hora do Senhor está chegando (Zc 2,14-17). Ele entrará em Sua terra para dela tomar posse. Não como um guerreiro ou um juiz que retira o seu povo da escravidão física, mas para um Êxodo ainda maior, o fim da escravidão do pecado. No lugar do Salmo, cantamos o canto de Maria, Magnificat (Lc 1,46-55). O Senhor fez maravilhas por Sua serva, e ela servirá a Ele com total devoção pela salvação das almas. Apresentada ao Templo, Maria se preparou para esse dia conforme prefiguraram as Escrituras.
No Evangelho de hoje (Mt 12,46-50), o Senhor não diminui o papel de Maria, mas a eleva. Ela será sempre o exemplo da Rainha que escolheu servir, como cantamos no lugar do Salmo, e por isso Deus fez maravilhas com ela e ainda faz através dela. Aquele que serve será sempre quem escolheu imitar Maria. Essa é a mãe, esse é o irmão, como diz o Senhor. Aquele que se fez servo será elevado, exatamente o que foi cantado por Maria e assim nós hoje repetimos.
Entendendo a relação das leituras da liturgia, como a Igreja sempre ensinou, vemos que não é possível entender perfeitamente o que é servir sem olhar para o exemplo de Maria. O Evangelho une e eleva as leituras nos mostrando que quem quiser ser mãe ou irmão do Senhor, tem que imitar Maria.
Apresentada ao Templo, Maria cumpre as Escrituras. A Sagrada Tradição nos ensina o que já está nas Escrituras em pistas, profecias e prefigurações. Esse tripé sagrado, de “Tradição, Magistério e Escrituras”, um reflexo da Trindade, é a riqueza da nossa tradição Católica, ordenada por Jesus e passado pelos apóstolos (como vimos na abertura deste artigo). Nossa fé traz à tona toda a beleza do Evangelho e nos ajuda a entender melhor a sua mensagem. Principalmente se soubermos usar as ferramentas teológicas certas.
Maria, a Arca da Nova Aliança, nos ensina a ser servos para ser elevados. Nossa fé em Deus passa pelo amor materno que a tudo se submete ao Senhor para ser nEle elevado. Vivamos sob a proteção de Maria para, como ensina o Evangelho, sermos também mães e irmãos do Senhor.
Em Cristo, entregue à proteção da Virgem Maria,
um Papista
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Textos edificantes!
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Muito obrigado pelo comentário. A Paz de Cristo.
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Fique com Deus. Abraços!
Acabei de descobrir o seu Site, moro na Alemanha há 15 Anos e aqui infelizmente convivo com essa idolatria. A pessoa tem que ser muito otimista pra acreditar na Europa ainda. Mas o seu Site me faz acreditar ainda no Brasil!
Vc é excelente, vou mandar o seu Site para todos os meus amigos Brasileiros. Acabei de descobri-lo e já estou no décimo Artigo. Todos sem Excecao de Qualidades de um Olavo.
Se vc tivesse tempo. Gostaria de saber de sua Opniao sobre o Celibato na Igreja e sobre A Igreja dos mormons.
Muito Obrigado
Antonio Soares
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Muito obrigado pelas palavras, Antonio! Fico feliz que o meu trabalho esteja ajudando.
Assim que eu puder, eu responderei com calma as perguntas. Um artigo sobre o celibato realmente vai cair bem no futuro. Obrigado pela sugestão.
Fique com Deus!