Em suas últimas palavras antes da morte, o Senhor nos ensina mais uma vez a entrega absoluta ao Pai: “Pai, nas Suas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46).
Mais uma vez, o Senhor está entoando um salmo, provando, mais uma vez, que tudo o que foi dito na Antiga Aliança era sobre Ele e nEle se cumpriu e elevou. O primeiro livro dos salmos (salmos 1-41) é formado inteiramente por salmos do Rei Davi. É um momento glorioso, que acompanha as dificuldades e as vitórias do rei sobre as dificuldades. É também um conjunto de cantos que ensinam sobre a sabedoria divina.
Sob esses aspectos, podemos entender o destaque que o Senhor deu a eles na Cruz. Jesus é o Rei dos Reis. Davi era uma prefiguração de Cristo. O ritmo de aflição e vitória é o ritmo da Cruz, que eleva a níveis impensáveis o que antes foi uma sombra da vitória final de Cristo. Da mesma forma, a sabedoria no Antigo Testamento é algo que se desenvolve de algo eminentemente prático para a percepção de que a verdadeira sabedoria é a entrega ao Senhor.
Cristo é a Sabedoria encarnada. Seu ensinamento final na Cruz é receber a sabedoria divina e entender a Sua mensagem: o caminho da vitória é a entrega total a Deus, como o Filho o fez e ensinou.
Outro aspecto é importante para a nossa fé. Algumas pessoas lêem o relato da Paixão e enxergam apenas os aspectos humanos, fazendo das palavras de Cristo apenas gritos e reações fisiológicas, e os ensinamentos uma invenção dos apóstolos. Pelo contrário! Elas são o testemunho dos apóstolos, judeus tementes a Deus que sabiam perfeitamente que não se altera uma vírgula da Palavra de Deus. Da mesma forma, retirar o aspecto espiritual é ignorar os fatos. Ao dizer “eu entrego o meu espírito”, o Senhor demonstra que Sua morte é também a Sua escolha!
O Senhor escolheu morrer por nós! É a entrega total à vontade divina como ápice da sabedoria; e o sacrifício como prova de um amor que vai até o fim, até o limite do abandono (Mt 27,46; Sl 22 – ver artigo Tre Ore – parte 3), apenas para ressurgir ainda mais glorioso.
A vitória de Cristo é não apenas a prova da Sua inocência, mas de Sua divindade. Alguns, entre os que antes perseguiam a Igreja, descobririam a Sabedoria do Evangelho. Ela era um homem, Jesus Cristo, que morreu por nós. Apenas para ressuscitar e nos mostrar o caminho para a eternidade no Seu amor.
Em Cristo, entregue à proteção da Virgem Maria,
um Papista
P.S. – dedico esta humilde série de artigos ao meu falecido paizinho, que me transmitiu a fé.
“….o caminho da vitória é a entrega total a Deus, como o Filho o fez e ensinou”.
Amém!